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quarta-feira, março 28, 2007

Em busca da "Terra do Nunca"!

Peço licença aos fiéis colaboradores do Reticências, mas por um motivo muito nobre não postarei um texto meu essa semana. Um amigo um tanto "incoveniente" (rsrsrs) me enviou um texto interessantíssimo que gostaria muito que vocês vissem. Leiam e comentem!
Ah! E pra quem assistiu o filme "À procura da felicidade", tem um toque muito interessante.
Espero que gostem e sintam-se à vontade pra enviar textos para os nossos e-mails.
Até a próxima!


Nossa! Como são belos os discursos que permeiam nossas vidas, como “liberdade”, “igualdade” e “felicidade”, pena que estes discursos sempre vêm envoltos numa névoa que para mim seria a “busca”, porque na “verdade” estes ideais não se concretizam nunca; estamos sempre em busca da liberdade , da igualdade material, e da felicidade. Minha pergunta é: será que o homem pode se saciar destes ideais, será que pode se sentir pleno deles, ou a busca dessas verdades, desses preceitos são apenas ilusões um tanto quanto maquiavélicas (com todo respeito a Maquiave!). Será que o que entendemos por liberdade é de fato alcançável, será que liberdade é liberdade de consumir, liberdade de sermos “nós mesmos”, de agirmos como quisermos, tudo isso sem imposição de nenhuma força exterior? Como é possível? Segundo Sartre o homem é livre para fazer o que quiser da sua vida, e por isso não se deve esperar nada dos homens, pois a natureza humana é em seu íntimo livre. Segundo Nietzsche a liberdade é algo de fantasioso, pois a sociedade nos poda as asas nos impedindo de sermos espíritos livres; somos apenas produto da linguagem social.
E se numa sociedade fictícia, liberdade é consumir o quanto quiser, transar com quem quiser, ser livre para roubar, matar, ser livre para colocar as crianças nas cadeias - ou quem sabe os pobres -, livres para “amaldiçoar” os excluídos, condená-los à completa desgraça irremediável... Será que um “descuidado” diria que esta é uma sociedade de loucos?
Mas a felicidade me lembra uma coisa fantástica... Vou contar uma história.
Imagine um homem negro, pobre que muda sua vida toda em busca de um sonho, que é se tornar um operador do capital financeiro e ser rico, para poder dar conforto e dignidade para sua família. Agora imagine isso num filme de Hollywood... Que coisa linda, não!? Imagine também dez milhões de desempregados e três milhões de excluídos, será que todos eles podem viver uma “procura da felicidade” nesses moldes (dinheiro, poder, consumo)? Não será esta a maior arma do capitalismo: mexer com nossos brios, mostrar que somos capazes, capazes de nos adequar ao sistema já estabelecido, fazendo dos jogadores de futebol, cantores pobres, um ou outro que consegue emergir da miséria para a tão sonhada “felicidade” (dinheiro, poder, consumo), um exemplo de vencedor? Parece até, quando não olhamos direito, que felicidade é algo que já nasce conosco, que somos capazes de encontrar a felicidade em qualquer coisa, lugar ou pessoa, seja se apaixonando por um mendigo, morando debaixo da ponte, passando fome... Será que felicidade existe, ou apenas temos momentos de alegria e escolhemos o que nos faz feliz interpretando os sinais de acordo com nossas experiências?
Ih! Já ia esquecendo da igualdade... É estranho pensar em igualdade numa sociedade que prima pela competição, calcada na meritocracia. Aprendemos que devemos ser os melhores, e não fazer o melhor que pudermos; parece bobo não é? Mas nesta selva de pedra, o que as pessoas são capazes de fazer para poder parecer os melhores? São capazes de tudo? Para ser mais bonito, mais rico, mais inteligente (nem sei o que é isso), sempre os números contam mais, estamos sempre em competição sem nem desejarmos... Pelo maior escore, pelo maior numero de pretendentes, pelo melhor carro, apartamento, celular, em competição para sermos aceitos, para que as pessoas nos entendam, para viver! Nem lembramos de observar os problemas do outro. Estes problemas só nos batem a face se aparecem no noticiário, se nos obrigam a ver mesmo que vejamos todos os dias nas sinaleiras debaixo das pontes, nos pontos de ônibus... Mas ainda assim... Não vemos! Será que somos cegos? Acho que escolhemos o caminho mais fácil, pois é mais fácil não ver! Como é possível se sentir igual a alguém se estamos sempre em competição? O que se faz é tentar compreender os problemas, e não mudar a situação, mas acho que compreensão não ajuda, o que transforma é a ação. Talvez se mudarmos o foco do que buscamos, se formos capazes de entender nossos verdadeiros desejos seremos capazes de nos mudar e depois mudar o meio. Enquanto vivermos na busca das verdades impostas pelos “deuses” do sistema, nunca seremos iguais, livres e felizes - se é que estas coisas existem. Seremos sempre o que esperam que sejamos: reprodutores de valores.
No entanto, acredito que devemos sim, pensar o valor desses valores! Mas isso é apenas a fantasiosa opinião de um louco que não consegue compreender as verdades e as certezas!

Nietzscheano inconveniente

4 comentários:

Anônimo disse...

E até quando a gente vai viver assim?
Tudo bem que não sou tão "incoveniente" quanto vc, mas confesso que de vez em quando estas questões me causam uma certa indegestão.
E quanto ao filme, até assisti, mas juro que não tinha feito uma releitura tão profunda da "premiada" trama de Holywood. Mas tomara que um dia vivamos a liberdade a igualdade e felicidade com um pouco mais de verdade e um pouco menos de hipocrisia.

Isa disse...

Acho sim, q ser livre, igual ao outro, e feliz é possível.

"Talvez se mudarmos o foco do que buscamos, se formos capazes de entender nossos verdadeiros desejos seremos capazes de nos mudar e depois mudar o meio."

Adorei essa parte. Como vc disse, ser compreensivo não muda nada, ter pena, não muda nada, só a ação muda o meio.

Vamos sim, repensar o valor desses valores, se é tão necessário viver sempre em competição.

E quem é esse "Nietzscheano inconveniente"??

Anônimo disse...

puts ya to curiosa ... srsrs
Muito bom esse texto, aliás, muito inconiente esses texto!
Mas é isso mesmo! As conveniências até hoje não nos conferiram nenhum benefício real, então, ou a gente protesta, reclama e foge aos padrões, ou viveremos a mesma vidinha mediocre dos falsos libertarios e grandes hipócritas.
E a propósito... to adorando esse espaço aqui!
bj pra todo mundo!

Janaína disse...

Mudar a si mesmo para mudar o meio!
Eis uma frase que de agora vai me acompanhar sempre!
Tão simples de entender, mas tão difícil de aplicar...
Só espero que não nos esqueçamos de tomar - diariamente- a pípula da consciência. Pode ser um bom começo para uma transformação de dentro pra fora!!!