Pages

quarta-feira, agosto 29, 2007

E se destina?

"Existirmos: a que será que se destina?". Da autoria de Caetano Veloso, essa frase representa muito bem o momento de crise pela qual tem passado o homem contemporâneo em suas relações consigo mesmo e com o mundo ao seu redor.

É claro que o "porquê" da existência não é marca da contemporaneidade, afinal, desde sempre, o homem questiona-se sobre os mistérios da vida. Mas o homem moderno está inserido numa realidade antagônica; de um lado, há um desperdício monstruoso de alimentos; do outro, há um número assustador de mortes por inanição; enquanto uma grande maioria luta por uma pequena propriedade, milhões são arrecadados por alguns na especulação de latifúndios; ora, é dessa realidade paradoxal que se origina a crise do homem. Por mais apático que seja, as problemáticas do mundo são sentidas pelo homem e, mais, são refletidas na maneira como ele se entende e se relaciona com o mundo.

Tentando seguir os padrões ditados por uma sociedade construída em aparências e não em ideologias, o homem contemporâneo nega seus valores, sua cultura, seus desejos. Por isso, a relação do homem consigo está tão angustiante; o homem vem se anulando para construir um esteriótipo aceitável pelas outras pessoas. Como não consegue se mostrar por inteiro, passa a ter uma relação amorfa com o mundo, relação marcada pela superficialidade, plasticidade, pela falta de sentimentos.

Marcado por uma realidade dolorosa e vivendo na sociedade do "quanto mais igual melhor", o homem tem refletido em sua relações, quer consigo mesmo, quer com o mundo, a maneira como vem encarando essa realidade. Talvez a pergunta do Caetano ainda ecoe por muito tempo(e é bom que ecoe), e talvez um dia o homem encontre respostas mais otimistas e menos angustiantes do que as que tem tentado encontrar.

14 comentários:

Laila Braga Barbosa disse...

eu achava que essa frase ela de Renato Russo e não de Caetano Veloso Oo

Anônimo disse...

Puxa! Excelente teoria! Somos apáticos, egocêntricos, lobos uns dos outros, mas não deixamos, de certa forma, de sentir a dor do próximo... pior ainda: nos sentimos totalmente incapazes de mudar a realidade das coisas e ficamos esperando que algum herói surja do nada, fazendo revoluções e arruaças pra levantar uma bandeira em favor dos fracos e oprimidos...

Então, sentimos essa crise toda. Aliás, parece que os jardins de nossas casas estão encurtando, não? Aqueles jadins enormes, em que as pessoas convidavam os vizinhos pra bater papo a tarde toda... estão se acabando. Isto pode significar que tbm o homem está encurtando seus laços com o próximo... mas não chega a ser tão apático a ponto de se tornar imune à dor alheia.

Legal a idéia. Nunca tinha pensado nisso o/

Bjos

Éverton Vidal Azevedo disse...

Caramba... gostei do texto.

"Existirmos, a que será que se destina?"

Lembrei de alguns trechos de uma cançao do Beto Guedes:

Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Bem que tá na hora de arrumar...

Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Prá banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver...

A paz na Terra, amor
O pé na terra

Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã

Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maça...

Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois...

Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra, amor...

Beijos!
Inté!

Éverton Vidal Azevedo disse...

Nao resisti... vejam:

http://www.youtube.com/watch?v=-9BLSiDKCCQ

Tou pensando até em postar a letra lá no meu blog =P

Anônimo disse...

último post da prateleira...

=[



www.aprateleira.wordpress.com

Guilherme N. M. Muzulon disse...

eu conheço o Dom!, ele é um grande amigo meu. Pergunte `ele, pergunte ao pó, pergunte à todos, moça.

Unknown disse...

� infelizmente somos resultado do que plantamos no passado...os ideais n�o passavam de m�scaras para sermos cada dia mais parecidos com os outros...
adorei o blog, a visita, est�o linkadas ok?
bjo

Aju disse...

O homem esta em crise de valores antes de quaisquer coisas... ví norteamentos do renato russo aí mto bom o texto =)

Bjos

Bárbara Lemos disse...

Verdade, triste verdade.
Sabe, esse é um dos meus grandes medos... viver em um mundo assim, pra que constituir família? Pôr alguém no mundo para fazê-lo sofrer? Não me parece saudável.
Mas ainda acredito que haja uma solução, talvez só deixe de acreditar quando morrer.

Beijo meu.

Guilherme N. M. Muzulon disse...

Eu quero conhecer você comendo Uva no quarto do Dom.

Juh Oliver disse...

gostei muito de teu blog também. Eu ando meio cansado do mundo dos blogs, por isso eu mau tenho postado, porém acabei de atualizar (risos).
________

Quanto ao seu texto: eu canso de tentar me entender quanto mais eu tentarei entedero ser humano?!
Mas mesmo assim, sou daqueles que sempre procura fazer o bem, e sem saber faz o mau.

________

beijos para você!

B. disse...

eu andei vendo isso do 'quando mais igual melhor' no shopping.
esses meninos todos iguais, com uma prata no pescoço, um boné de 'marca' e roupas semelhantes destiguindo apenas a cor.
parece abada de bloco de carnaval.
O.O


se soubessem que a diferença é a identidade de uma pessoa, não estarim assim.
=T

Let's disse...

às vezes penso que todos gostaríamos de uma platéia pra sentir que existe de verdade...

Anônimo disse...

tem novas postagens no meu blog da uma passada la!!!