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quarta-feira, janeiro 31, 2007

Pensando bem...

Concordo que mudanças estejam ocorrendo em "nosso tempo", e que uma história está sendo escrita com os acontecimentos desse momento. Mas os pilares que sustentam a sociedade são os mesmos. São pilares de preconceito, hipocrisia e apatia. Incrível como esses pilares se reconstroem de suas próprias ruínas. Quando a gente espera que vão desabar, elas ressurgem mais fortes que antes. Acho que a tendência é muito mais mascarar que mudar verdadeiramente.
Os medos continuam os mesmos... os fantasmas não mudaram. Só que agora a idéia é fingir. A sociedade brasileira finge que é liberal, sem preconceitos, solidária, igualitária. Igualitária? A igualdade deve estar brincando de pique-esconde por aí. Porque não a vejo nas novelas, nas ruas, nas casas. O jovem da era "sou de ninguém", o jovem "mente aberta" é muito mais conservador do que pode imaginar. É um jovem cheio de preconceitos, marcado pelo egoísmo, pela falta de cidadania e responsabilidade.
Seria muito engraçado se não fosse tão trágico, perceber como alguns cidadãos dizem-se chocados com a música oriunda das favelas, dos guetos. "Música que não dizem nada". "Música pra dançar". "Música que nos leva à vergonha". Primeiro, as músicas que surgem da míséria, da fome e da falta de oportunidade têm muito a dizer. Elas gritam em nossos ouvidos. São gritos dos oprimidos, dos que não têm direito à educação. Gritos de um povo excluído. Segundo, é música pra dançar porque é a maneira que esse povo encontrou para tentar esquecer os problemas e ganhar algum dinheiro. Mas é música pra dançar porque a gente fingir que não é pra refletir. Terceiro, a música não é a vergonha, mas sim o produto de ações(ou falta delas) que realmente envergonham. É muita hipocrisia querer que pessoas que têm sua cidadania negada, sendo marcadas pela exclusão e preconceito façam música sobre arte abstrata. Isso sim é vergonhoso.
Sobre o outro post, gostaria de saber: onde está a "busca pelo que é belo e bom"? Acho que os indivíduos estão buscando o que é belo e bom para si. Isso é bom. Mas fechar o olhos para o que é belo, bom e necessário para os outros é egoísmo, individualismo, narcisismo. E isso não é bom. É preciso buscar o que é belo e bom para o social, só assim será possível desconstruir aqueles pilares. E construir outros.
Concordo com a Isadora quando ela diz que mudanças atuais geram crise de identidade. Mas não entender o passado(o não o querer entender) também gera crises. E pra se entender é preciso buscar a história verdadeira. Perceber os erros do presente. E tentar construir um futuro real, não esse futuro de brincadeira, com pessoas plásticas quem figem que não existem problemas. E que vivem num país no qual tudo vai muito bem, obrigada.
Hoje, 31 de janeiro, dia de sol, verão. E quanta falta de esperança num futuro melhor. Mas quem disse que o barco afundou?

7 comentários:

paulo disse...

Me expliquem jovens....ainda não peguei o fio da meada!!! hahahahahahaha

Unknown disse...

É verdade. Algumas mudanças são para a pior. As vezes acho que uma geração foi perdida.

Isa Dora disse...

Oi Salviano. Qual é o seu blog?

Éverton Vidal Azevedo disse...

Caramba... que massa! Gostei muito daqui.

Sobre o post da Érica. Acho que algo tá mudando - esse algo é um fio de esperança. Mas muita, muita coisa continua igual ("nós somos os mesmos e vivemso como nossos pais!?").

Concordo com tudo, tudinho com respeito às música das favelas. Elas dizem muita coisa. Muito mais do que o que dizem as sertanejas (olha meu preoconceito aqui rs). Elas mostram a realidade de um povo.

Alguém já fez algo melhor que Racionais ou Rappa (e etc...)?

Bjão pra vcs!
Vou tá sempre por aqui!

Uilians Uilson disse...

Puta texto. Concordo com tudo o que você escreveu. Também postei sobre o assunto música de Periferia (O hip Hop na TV) e a necessidade de transformação na sociedade (Na dependência de Deus). Só com informação e muita consciência podemos mudar o nosso meio!

Sucesso!


Passe no Palavras Certas
http://certas.blogspot.com

Anônimo disse...

De fato... a igualdade deve estar brincando de pique-esconde por aí... rsrsrs
Isso me faz lembrar o mito da democracia racial... uma das piadas mais sem-graça que já me contaram... péssima!

Anônimo disse...

http://www.umpaischamadouati.blogspot.com